O que é RPG?
RPG (Role-Playing Game, ou Jogo de Interpretação de Papéis) é uma forma de jogo colaborativo em que os participantes assumem papéis de personagens fictícios, dentro de um universo imaginado coletivamente. A narrativa se desenvolve a partir das ações dos jogadores, conduzidas por regras e pela mediação de um narrador (ou Mestre de Jogo).
Tipos de RPG
🧙 RPG de Mesa (Tabletop)
É a forma mais tradicional. Os jogadores se reúnem em torno de uma mesa, usam fichas de personagem, dados, livros de regras, um conjunto de dados e muita imaginação. A presença de pizza (ou salgadinhos) e refrigerantes é desejável, mas não obrigatória.
Exemplos famosos:
- Dungeons & Dragons (EUA, 1974)
- GURPS (EUA, 1986)
- Tormenta (Brasil, 1999)
🎭 Live Action RPG (LARP)
Os jogadores interpretam fisicamente seus personagens, com figurinos, gestos e ambientações reais. É como um teatro improvisado com regras e mediadores das ações.
Exemplos famosos: - Vampire: The Masquerade – LARP (EUA)
- Medieval LARP – Bicolline (Canadá)
🌐 RPG Digital / MMORPG
Jogos online massivos com milhares de jogadores, que assumem papéis dentro de mundos virtuais - é o velho videogame multiplayer que você joga online com outras pessoas de maneira colaborativa.
Exemplos famosos: - World of Warcraft (Blizzard, 2004)
- Final Fantasy XIV (Square Enix, 2013)
- Elder Scrolls Online (Bethesda, 2014)
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📜 História do RPG no mundo
O RPG nasceu nos Estados Unidos, como uma derivação dos wargames de miniaturas. Os precursores foram Gary Gygax e Dave Arneson, criadores do primeiro sistema comercializado: - 1974 — Dungeons & Dragons (D&D): primeira edição pela TSR.
- 1980 — Rolemaster: foco em realismo, publicado pela Iron Crown Enterprises.
- 1981 — Call of Cthulhu: baseado nas obras de H.P. Lovecraft.
- 1984 — Paranoia: sátira distópica, criado por Greg Costikyan.
- 1986 — GURPS: sistema genérico, criado por Steve Jackson.
- 1987 — Shadowrun: mistura de cyberpunk e fantasia.
- 1991 — Vampire: The Masquerade: ênfase em drama e interpretação, sistema Storyteller.
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🇧🇷 O RPG no Brasil
O RPG chegou ao Brasil na década de 1980, via comunidades de fãs com suas traduções não oficiais. Sua popularização aconteceu nos anos 1990 quando surgiram as primeiras editoras especializadas.
🏢 Editoras brasileiras
- 1991 – GSA lança a primeira tradução oficial de D&D.
- 1994 – Editora Trama publica Dragão Brasil, maior revista de RPG do país.
- 1995 – Devir traz GURPS, Vampiro, Shadowrun e outros.
- 1999 – Surge Tormenta, primeiro RPG 100% brasileiro, pela Trama/DB Editora.
- 2003 – Jambô Editora assume Tormenta e outras publicações nacionais.
📅 Cronologia Resumida dos sistemas publicados no Brasil
- 1991 – D&D (GSA)
- 1994 – Vampiro: A Máscara (Devir)
- 1995 – GURPS (Devir)
- 1999 – Tormenta RPG (Trama)
- 2005 – 3D&T, sistema simplificado nacional
- 2016 – Tormenta Alpha (Jambô)
- 2020 – Tormenta20, sistema moderno financiado coletivamente
🧩 Encontros de RPG
O principal foi o Encontro Internacional de RPG, um evento anual que marcou profundamente a cultura geek no Brasil. Realizado entre os anos de 1999 e 2005, chegou a reunir milhares de pessoas e era uma referência para jogadores, mestres e editoras do cenário nacional.
A primeira edição aconteceu em 1999, na cidade de São Paulo — e eu tive o privilégio de estar presente. A última edição foi em 2005, e também estive lá, testemunhando o encerramento de um ciclo importante para o RPG no país. Ao todo, o evento contou com 7 edições memoráveis.
Durante esses encontros, era possível vivenciar uma grande celebração da cultura nerd: editoras apresentavam lançamentos, jogadores participavam de mesas épicas, ocorriam palestras, concursos de cosplay e diversas atividades que fomentavam o universo dos jogos de interpretação de papéis. Foi um verdadeiro marco para quem viveu aquela época.
🧙 A Ong Ludus Culturalis
A Ludus Culturais foi uma organização sem fins lucrativos dedicada à valorização do RPG como linguagem educativa, cultural e inclusiva. Atuou desde meados dos anos 1990 e esteve à frente de uma série de iniciativas que colocaram o RPG a serviço da Educação.
Na sua atuação, destaca-se a realização de eventos de RPG & Educação abertos ao público, oficinas formativas para educadores, e mesas de RPG em escolas públicas — muitas vezes em parceria com secretarias de educação, universidades e movimentos culturais. A Ludus enxergava no RPG mais do que um jogo: um dispositivo de mediação pedagógica, de escuta ativa e de construção coletiva do conhecimento.
A organização também foi pioneira na promoção de projetos de inclusão social através do jogo, voltados para jovens em situação de vulnerabilidade em regiões periféricas. O RPG era utilizado como espaço de expressão simbólica, desenvolvimento de narrativas identitárias e fortalecimento de vínculos sociais.
Em sua trajetória, a One Ludus marcou presença em importantes espaços do circuito cultural e educacional, como a Bienal da Ação Educativa, a Virada Cultural, e diversos congressos de educação popular. Muitos de seus integrantes participaram da elaboração de materiais didáticos, artigos acadêmicos e formações para professores, sempre com foco na pedagogia libertadora e na potência do jogo.
Tive o privilégio de fazer parte da última diretoria da Ludus, ao lado do Jaime e da MC Zanini.
A história da Ludus é também a história de uma geração que ousou imaginar outros mundos possíveis — e, jogando juntos, tentou construí-los.
—🔗 Continue lendo sobre:
- 📖 História do RPG e seus criadores
- 🗡️ Dungeons & Dragons: o RPG original
- 🧠 GURPS: o sistema genérico
- 🇧🇷 A Revista Dragão Brasil
- *🎯 Rolemaster: o realismo como objetivo
- *📕 Livros-jogo de Steve Jackson: RPG de bolso
- *🎲 Sistema D20 e estatística
- *📜 Open Game License e impacto no Brasil
- *♿ RPG e inclusão autista
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