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O que é o TEA?

A Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Ministério da Saúde define o Transtorno do Espectro Autista (TEA) como um problema no desenvolvimento neurológico que prejudica a organização de pensamentos, sentimentos e emoções, que tem como características a dificuldade de comunicação por falta de domínio da linguagem e do uso da imaginação, a dificuldade de socialização e o comportamento limitado e repetitivo.
Na página do Governo do Estado do Paraná, a definição que encontramos para o TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficits na comunicação e na interação social, padrões de comportamentos repetitivos e estereotipados, podendo apresentar um repertório restrito de interesses e atividades.
Uma boa definição para o termo está na página "Autismo e Realidade", que apresenta o TEA segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5 (referência mundial de critérios para diagnósticos) de 2013, onde consta que pessoas dentro do espectro podem apresentar déficit na comunicação social ou interação social (como nas linguagens verbal ou não verbal e na reciprocidade socioemocional) e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais. Todos os pacientes com autismo partilham estas dificuldades, mas cada um deles será afetado em intensidades diferentes, resultando em situações bem particulares. Apesar de ainda ser chamado de autismo infantil, pelo diagnóstico ser comum em crianças e até bebês, os transtornos são condições permanentes que acompanham a pessoa por todas as etapas da vida.

A ciência ainda não encontrou as causas do TEA. As investigações a respeito do Transtorno remontam a 1943, no livro “Distúrbios Autísticos do Contato Afetivo” do psiquiatra Leo Kanner. Em 1952, o DSM-1 classificava os sintomas de autismo como um subgrupo da esquizofrenia infantil. Em 1980, o DSM-3 colocou o autismo como uma nova classe, a dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID), reconhecendo-o como uma condição específica.

TEA em adultos

O autismo, ou Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma condição neurológica e de desenvolvimento que afeta a forma como uma pessoa percebe e socializa com os outros, resultando em dificuldades na comunicação e na interação social. O TEA inclui uma ampla gama de características e sintomas, que variam significativamente de pessoa para pessoa. Para entender melhor, veja a imagem abaixo:

espectro eletromagnético no universo

A imagem apresenta a estrutura do espectro eletromagnético, separando as ondas por comprimento(m) e frequência (Hz). Olhando para ele, é fácil perceber que as cores que nossos olhos enxergam constituem uma pequena parte do todo (400nm a 750nm). Você não pode enxergar os Raios-X ou as microondas do forno na sua cozinha, mas sabe que eles são reais, assim como sabe que a cor azul é diferente da cor amarela.

Você pode não conhecer o espectro eletromagnético em detalhes, mas aceita sua existência com naturalidade. Use essa analogia com o TEA e não exija que as pessoas autistas sejam iguais entre si, que tenhamos os mesmos comportamentos ou somente possamos existir em concordância com um estereotipo? Como disse, as ondas eletromagnéticas possuem características em comum, assim como nós. Mas cada onda é única e nós também somos.

Algumas Características em Adultos no TEA

Primeiro, é preciso ter em mente que o TEA não possui "características especificas", justamente por ser um espectro com diferentes graus e que se manifesta de diferentes maneiras. É possível apontar algumas caracteristas que uma parte da população adulta que está no TEA compartilha, mas não se pode afirmar que toda pessoa autista adulta apresentará todas ou mesmo algumas delas. É possível que apresente somente outras que não estejam listadas aqui:

1. Interação Social
- Dificuldade em compreender e usar a linguagem corporal, expressões faciais e gestos.
- Problemas em iniciar ou manter conversas.
- Preferência por interações sociais estruturadas e previsíveis.
- Dificuldade em entender e responder adequadamente às normas sociais implícitas.

2. Comunicação
- Tendência a interpretar a linguagem de forma literal, com dificuldades para entender sarcasmo, metáforas ou humor.
- Padrões de fala que podem parecer incomuns, como fala monótona ou ritmo irregular.
- Alguns adultos podem ter dificuldades com a linguagem verbal, enquanto outros podem ser muito verbais, mas ainda assim ter dificuldades com a comunicação social.

3. Comportamentos e Interesses Restritos e Repetitivos
- Adesão a rotinas e resistência a mudanças.
- Interesses intensos e profundos em tópicos específicos.
- Comportamentos repetitivos, como balançar, bater as mãos ou repetir frases.

4. Sensibilidade Sensorial
- Hipersensibilidade ou hipossensibilidade a estímulos sensoriais como luz, som, textura, cheiro e sabor.
- Comportamentos de autoconforto para lidar com sobrecargas sensoriais.

Direitos da pessoa com autismo

Em 2012 foi instituída no Brasil a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista através da Lei Berenice Piana e, em 2020, entrou em vigor a Lei 13.977 que é conhecida como "Lei Romeo Mion". Essa lei foi responsável por criar a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea),um documento oficial emitido de forma gratuita, sob responsabilidade de estados e municípios, que substitui o atestado médico e facilitar o acesso a direitos previstos na Lei Berenice Piana. Você pode encontrar a lista completa dos direitos das pessoas com autismo aqui. A página Autismo Legal apresenta a mesma lista, de modo didático e detalhado.

Diagnóstico Tardio

O acesso a tratamento médico especializado pode ser considerado um privilégio em nosso país. Por melhor que seja, o SUS enfrenta limites como a própria escassez de médicos fora dos grandes centros populacionais e mesmo onde se faz presente com mais força, ainda tem de lidar com os ataques corriqueiros de quem pensa a saúde como mercadoria.
O motivo não é difícil de entender, basta procurar por um cardiologista em uma cidade pequena do interior para perceber que o acesso ao atendimento médico especializado é difícil nos dias de hoje. Agora, pense em como era há 20 anos atrás, ou 30, ou 40. Além disso é preciso lembrar que a própria ciência não é estática, está sempre em desenvolvimento e que aquilo que se sabia sobre o autismo em 1980 é muito diferente do que conhecemos em 2024.

Além disso, é preciso lembrar que o SUS foi instituído a partir da promulgação da nossa Constituição Federal em 1988. Se considerarmos os anos 1970 por base, temos 3 décadas de crianças nascidas com TEA que tiveram pouco acesso ao diagnóstico na infância e que só estão sendo diagnosticadas agora, na idade adulta. Em especial, crianças com sintomas menos evidentes tendem a receber algum outro tipo de classificação em casa e/ou na escola.

O diagnóstico deve ser iniciado por um profissional de saúde mental especializado em TEA, como o neuropsicólogo, através de uma avaliação que inclui entrevistas, questionários e observações comportamentais. Depois, é necessário que um psiquiatra realize os demais exames investigativos até que se obtenha um laudo final. É importante lembrar que o adulto não "vira autista", ele sempre foi. A pessoa nasce autista, cresce e envelhece autista. Não é uma doença e não tem cura, mas há tratamentos que facilitam a vida do adulto no TEA.

A Vida no TEA

1. Trabalho e Educação
- Alguns adultos com autismo podem ter dificuldades em ambientes de trabalho e educacionais devido a problemas de comunicação e interação social.
- Compreensão e adaptações no local de trabalho podem ajudar significativamente.

2. Relacionamentos
- Pode haver dificuldades em formar e manter relacionamentos pessoais.
- O apoio e a compreensão de amigos e familiares são cruciais.

3. Autonomia
- O nível de independência varia. Alguns adultos vivem de forma completamente independente, enquanto outros podem precisar de apoio para atividades diárias.

4. Saúde Mental
- É comum que adultos com autismo também enfrentem desafios como ansiedade, depressão e outras condições de saúde mental. Terapia e suporte adequado podem ser benéficos.

Apoio e Tratamento

- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): Pode ajudar a desenvolver habilidades sociais e de comunicação, bem como a lidar com a ansiedade.
- Treinamento de Habilidades Sociais: Programas específicos para melhorar a interação social.
- Suporte Vocacional: Ajudar a encontrar e manter um emprego adequado.
- Grupos de Apoio: Conexão com outros adultos autistas para compartilhar experiências e estratégias.

Com o suporte adequado e um ambiente compreensivo, adultos com autismo podem levar uma vida plena e satisfatória, aproveitando suas habilidades e interesses únicos.

Símbolos do Autismo

O arco-íris em infinito

símbolo do infinito com as cores do arco-íris

O símbolo do infinito em forma de arco-íris é usado para representar o autismo por várias razões:

1. Diversidade e Inclusão
O arco-íris, com suas muitas cores, simboliza a diversidade do espectro autista. Pessoas com autismo possuem uma ampla gama de habilidades, características e desafios, e o arco-íris é uma maneira de representar essa diversidade.

2.Infinito
O símbolo do infinito reflete a ideia de que o autismo é uma condição contínua e não linear. Não é algo que pode ser "curado" ou que segue um caminho previsível. A forma de infinito também simboliza o potencial ilimitado das pessoas com autismo.

3.Positividade e Esperança
As cores vibrantes do arco-íris evocam sentimentos de alegria, esperança e positividade. Isso ajuda a desafiar estigmas e percepções negativas associadas ao autismo, promovendo uma visão mais positiva e inclusiva.

4.Movimento da Neurodiversidade
O símbolo do infinito em arco-íris é frequentemente associado ao movimento da neurodiversidade, que enfatiza que diferenças neurológicas como o autismo são variações normais do cérebro humano, e não desordens que precisam ser corrigidas.

Este símbolo é uma alternativa ao quebra-cabeça, que foi tradicionalmente usado para representar o autismo, mas que algumas pessoas sentem que pode sugerir que o autismo é um "mistério" ou algo que precisa ser resolvido. O símbolo do infinito em arco-íris oferece uma representação mais inclusiva e positiva da experiência autista.

O girassol

laço com estampa de girassol

Embora não seja tradicionalmente associado ao autismo, o Girassol vem sendo adotado como símbolo de uma série de condições invisíveis, incluindo TEA. Ele foi criado para ajudar pessoas com deficiências ocultas a sinalizar que podem precisar de ajuda, compreensão ou tempo extra em ambientes públicos e entre os motivos para adotá-lo, cito:

1. Visibilidade:
- O girassol é uma flor brilhante e fácil de reconhecer, o que ajuda a aumentar a visibilidade das condições ocultas e a conscientização pública sobre essas condições.

2. Sinal de Necessidade de Assistência:
- Usar o símbolo do girassol (em forma de crachá, cordão ou pulseira) permite que as pessoas indiquem discretamente que podem precisar de ajuda ou compreensão adicional, sem a necessidade de explicar detalhadamente sua condição a cada interação.

3. Inclusão e Compreensão:
- O girassol ajuda a promover um ambiente mais inclusivo e compreensivo, facilitando a identificação de pessoas que podem precisar de apoio adicional devido a condições não imediatamente visíveis.

E Por que não o Quebra-Cabeças?

quebra-cabeças

Existem algumas razões pelas quais tenho reservas em relação ao uso do quebra-cabeça como símbolo do autismo, que vejo serem compartilhadas por grande parte da comunidade autista na atualidade:

1. Controvérsia sobre a Origem:
- O símbolo do quebra-cabeça foi criado sem o envolvimento significativo da comunidade autista e pode não refletir completamente as perspectivas e experiências das pessoas no espectro.

2. Simplificação Excessiva:
- O quebra-cabeça me parece simplificar demais a complexidade do autismo, sugerindo que o autismo é apenas um enigma a ser resolvido, em vez de reconhecer a diversidade e a individualidade das pessoas no espectro.

3. Estigma e Conotações Negativas:
- O uso do quebra-cabeça pode reforçar estigmas negativos associados ao TEA, sugerindo que nós somos pessoas "quebradas" ou que precisamos ser "consertadas".

4. Falta de Autenticidade:
- Para muitas pessoas autistas, o quebra-cabeça não ressoa com suas próprias experiências ou identidades, como no meu caso. Eu prefiro utilizar um símbolo que foi desenvolvido pela comunidade autista, que reflita mais de perto nossas experiências e perspectivas.

5. Suposições sobre Acessibilidade:
- O quebra-cabeça pode ser difícil para pessoas com deficiência visual entenderem, pois depende de cores e padrões visuais. Isso pode vir a excluir ou alienar pessoas com diferentes capacidades sensoriais. Explico: tome como exemplo uma pessoa que quer utilizar a linguagem inclusiva em um texto que será publicado na internet e usa o @ ou o x para desgenerificar uma palavra. Assim, ao invés de digitar a palavra "outros", a pessoa usa grafias como "outr@s" ou "outrxs", palavras que não existem e que impossibilitam a leitura do texto por pessoas com deficiência visual (que navegam online usando softwares específicos de leitura). Ou seja: na tentativa de utilizar uma "linguagem inclusiva", a pessoa acabou por praticar uma exclusão. O problema em questão deixaria de existir se a pessoa utilizasse o Sistema Delu com a grafia outres.

Essas são algumas das razões pelas quais sou contra o uso do quebra-cabeça como símbolo do autismo. No entanto, é preciso lembrar que as opiniões podem variar amplamente dentro da comunidade autista, e muitas pessoas ainda valorizam o quebra-cabeça como um símbolo de conscientização e apoio.

É importante ouvir as vozes da comunidade autista e respeitar suas perspectivas e preferências. Eu, particularmente, uso o Girassol ou o infinito com arco-íris.

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