Histórias em Quadrinhos
🦸♂️ Histórias em Quadrinhos
Meu interesse por essa mídia vem de um vínculo muito pessoal: aprendi a ler aos 5 anos de idade com uma revista em quadrinhos do Homem-Aranha, publicada pela antiga editora EBAL, na sala da casa dos meus avós. Desde então, nunca mais parei de ler HQs em todas suas variantes — mas meu gênero favorito são os super-heróis.
Hoje, sei que as Histórias em Quadrinhos (HQs) são um reflexo do mundo e da sociedade em que são criadas, pertencendo ao seu contexto histórico-cultural. Não são meramente entretenimento, mas formas de expressão da realidade, influenciadas pela visão de mundo de seus autores (VERGUEIRO, 2006).
📚 O que é uma História em Quadrinhos?
As HQs são uma forma de contar histórias visualmente, baseada em uma ideia simples: posicionar imagens lado a lado para ilustrar a passagem do tempo.
Calvin e Haroldo: exemplo clássico de narrativa visual.
🟡 A Lenda do Menino Amarelo
No dia 17 de fevereiro de 1895, o jornal New York World publicou aquela que muitos consideram a primeira tirinha em quadrinhos, criada por Richard F. Outcault: The Circus Down Hogan’s Alley. Embora ainda não contivesse balões de fala ou pensamento, a tirinha introduzia o protagonista The Yellow Kid, cuja fala era escrita em sua camisola.
The Yellow Kid: marco das tirinhas nos EUA.
Mas 30 anos antes, em 1869, o jornal brasileiro Vida Fluminense já publicava a tira As Aventuras de Nhô Quim, criada por Ângelo Agostini, sobre um caipira que viajava ao Rio de Janeiro.
Outros marcos importantes:
- Rodolphe Töpffer (1833) – Histoire de Mr. Jabot
- Hokusai (1814) – uso do termo mangá no Japão
🖼️ Outras Expressões Gráficas Narrativas
As histórias em quadrinhos não são a única forma de contar histórias com imagens. Veja exemplos históricos de narrativas visuais:
Vitrais, tapeçarias e arte rupestre
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Vitrais de igrejas: narrativa visual da Via Sacra |
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Tapeçaria de Bayeux: conquista normanda (séc. XI) |
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Arte rupestre: cenas do cotidiano humano |
⚙️ A Revolução Industrial e os “Penny Dreadful”
O boom industrial da década de 1830, na Inglaterra, promoveu o crescimento da alfabetização popular. Isso possibilitou o surgimento dos Penny Dreadful, revistas baratas com histórias seriadas de suspense e horror.
Em 1896, surgem as revistas Pulp Fiction, impressas em papel barato, com narrativas fantásticas e autores como H.G. Wells, Asimov, Lovecraft.
Nos EUA, os quadrinhos evoluíram das tirinhas de jornal para revistas independentes — os comic books.
📘 Em 1938, surge Superman na Action Comics, inaugurando a Era de Ouro dos Quadrinhos.
🧭 A Evolução das Eras dos Quadrinhos
Principais fases da história das HQs
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🟡 1938–1954 — Era de Ouro
Popularização dos super-heróis. -
🛑 1954 — Seduction of the Innocent
O livro de Fredric Wertham inicia a censura dos quadrinhos → Comics Code Authority. -
⚡ 1956–1970 — Era de Prata
Renascimento dos heróis clássicos (Flash, Lanterna Verde). -
🧠 1970–1985 — Era de Bronze
Temas sociais, políticos, enredos mais realistas. -
🕶️ A partir de 1985 — Era Moderna
Narrativas sombrias e complexas (Watchmen, O Cavaleiro das Trevas).
📖 Grant Morrison, em Supergods, afirma que 1970 marca o início da “Era Sombria”, em que as HQs refletem as tensões sociais do mundo real.
📚 Referências e Leituras Recomendadas
- DORFMAN, Ariel; MATTELART, Armand. Para ler o Pato Donald. 2002.
- JÚNIOR, Gonçalo. A guerra dos gibis. Companhia das Letras, 2004.
- RAMOS, Paulo; VERGUEIRO, Waldomiro. Quadrinhos na educação. Contexto, 2013.
- EISNER, Will. Narrativas gráficas. Devir, 2005.
- MCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. 2ª ed., 2005.
- DANTON, Gian. Ciência e quadrinhos. Marca de Fantasia, 2005.
- DANTON, Gian. A divulgação científica nos quadrinhos: o caso Watchmen.
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